segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

ICONES RUSSOS

 

“A sabedoria edificou uma casa, já lavrou as suas sete colunas...”.Provérbios 9,1.

 

Ícone deriva da palavra grega eikon cujo significado é imagem. No universo da arte identifica uma representação sacra pintada sobre painel de madeira.

O ícone é a representação da mensagem cristã. Apareceu em Bizâncio no século V. Após a queda de Constantinopla, foi incorporado à cultura cristã russa o que permitiu seu extraordinário desenvolvimento posterior.

 Na superfície de um painel de madeira, em geral de larice ou abeto, era feito o desenho e sobre ele aplicado tintas. Após a secagem, o artista usava o branco nas faces e mãos. Por fim, uma fina camada de verniz vermelho cobria os lábios, faces e nariz e outro marrom era colocado sobre o cabelo, barba e olhos.

Os sacerdotes eram considerados os verdadeiros autores e os artistas seriam meros executores. Regras rígidas, estabelecidas pelos Concílios de Niceia (325) e dos Cem Capítulos (1555), deveriam ser seguidas em sua confecção. O pintor ficaria afastado do ócio e das brincadeiras. Deveria ser resignado, calmo, pio e estar convencido da profunda verdade proclamada com sua arte.

Na Rússia, tornaram se objetos religiosos importantes, sendo venerados em igrejas, mosteiros e nas residências. Eles acompanhavam o indivíduo em sua vida, mesmo as casas mais modestas tinham seu próprio ícone colocado junto à porta. O ícone seria ajustado a um mastro para que pudesse ser transportado no alto, durante as festividades externas.

Da época bizantina, são raros os exemplares remanescentes. A maioria está no Museu Cristão e Bizantino de Atenas como o abaixo:



Autor desconhecido. São Miguel. Museu Cristão e Bizantino de Atenas.

 

Após a revolução comunista de 1917, Lênin nacionalizou as obras de arte. Uma busca pelo interior do país recolheu os ícones e eles foram colocados sob responsabilidade de uma fundação.  Todos foram alocados na Galeria Tretyakov de Moscou e no Museu Russo de Leningrado, hoje São Petersburgo. Foram restaurados com a retirada da cera e da fuligem e puderam exibir todo seu esplendor.

O maior pintor medieval russo foi Andrei Rublev (1360-1427). Ele especializou-se na execução de ícones e afrescos. Foi dele a decoração da Catedral da Anunciação em Moscou e da Catedral da Anunciação de Vladimir. Rublevmanteve-se fiel à tradição bizantina com suas figuras representadas com expressão pacífica e calma. Andrei Rublev foi canonizado com santo da Igreja Ortodoxa Russa em 1988.   São deles as obras:



Trinity (1410) É a única obra autenticada de sua autoria. Rublev baseou-se em antiga pintura bizantina, conhecida como a Hospitalidade de Abraão. Ele retirou da cena as figuras de Abraão e Sara, deixou os três anjos que foram visitar Abraão, e enfocou o trabalho no simbolismo do Mistério da Trindade. A direita está o pai, acima de sua cabeça a tenda de Abraão, aqui representando sua sabedoria. O manto de cor indefinida significa o mistério. Os olhares dos outros convergem para ele.  O anjo do centro representa o Filho. O manto vermelho remete à humanidade e o azul a divindade. O terceiro é o Espírito Santo. O manto verde alude à eternidade e o azul a divindade. Eles seguram um bastão, significado do poder do indivíduo e da dignidade. O cálice foi desenhado com uma cabeça de cordeiro, aquele que tira o pecado do mundo. Os três estão sentados sobre o mesmo trono, tem a mesma dignidade.  Galeria Tretyakov, Moscou.



Ascensão de Cristo (1408). Galeria Tretyakov, Moscou.




São Gregório (1408)

 

 

Sugestões: La Galeria Tretriakov de Moscú _ Editorial de Artes, 1979.

                 Andei Rublev. DVD do filme dirigido por Tarkovsky, 1966.

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